31 de outubro de 2010

ARTIGO DO BISPO "Um novo tempo de paz e de esperança"

Neste domingo, o Brasil vai conhecer seu novo (a) presidente (a). Não é minha intenção escrever sobre as qualidades de um ou de outro. Quero, porém, lançar um apelo para o futuro: se durante as campanhas eleitorais nos deixamos levar pelas ideologias ou pelas mentiras e calúnias que levam ao ódio e à violência, agora devemos nos voltar para o diálogo. Agora devemos descobrir o positivo que existe em cada pessoa humana e juntos construir o Brasil de paz que todos sonhamos. Nesta ultima campanha eleitoral até a religião foi usada para dividir e julgar o outro. Não é possível ser religioso ou pertencer a uma igreja e no mesmo tempo acabar com quem não pensa como eu!
Quem usa o nome de Deus para odiar e humilhar o outro abandona a religião pura. Quem invoca o nome de Deus para fazer a guerra e para justificar a violência vai contra Deus.
Nenhuma razão ou injustiça sofrida jamais justifica a eliminação do outro. Do profundo de nossas identidades e das diferentes histórias, podemos dizer ao mundo: temos necessidade de viver juntos um destino comum. As religiões testemunham um destino comum e dos povos. Este destino se chama paz.
Através do diálogo se realiza este destino comum que é a paz. O diálogo é o caminho para reencontrá-lo e construí-lo. Protege a cada um de nós e mantém humanos em tempo de crise. O diálogo não é ingenuidade. É a capacidade de ver longínquo também quando todos olham somente o vizinho e, por isso, se sentem sozinhos, resignados, espaventados. O diálogo não enfraquece, mas reforça.
É a verdadeira alternativa à violência. Nada se perde como diálogo. Tudo se torna possível, também imaginar a paz. Numa sociedade em que sempre mais gente diferente vive junta, é necessário aprender a arte do diálogo. Não enfraquece a identidade de ninguém e faz descobrir o melhor de si e do outro. Nossas sociedades têm necessidade de aprender de novo a arte de viver juntos.
Temos necessidade de paz e não há paz sem diálogo. A paz é o maior dom de Deus. A paz tem necessidade de oração. Nenhum ódio, nenhum conflito, nenhum muro pode resistir à oração, ao amor paciente que se faz dom e perdão, enquanto educa na raiz a construir um mundo em que nem tudo é marcado e o que conta não se compra e não se vende.
Podemos ainda acrescentar a palavra do papa Paulo VI: ‘‘É preciso fomentar uma cultura da vida que permita passar da miséria à posse do necessário, à aquisição da cultura, à cooperação do bem comum, até o reconhecimento, por parte do homem, dos valores supremos e de Deus, que deles é a fonte e o fim.''
Que o próximo quadriênio da nova presidência possa ser um tempo de paz, de diálogo, de esperança e de respeito à vida.
Dom Bernadino Marchió
Bispo Diocesano de Caruaru
FONTE: JORNAL VANGUARDA
(CARUARU-PE)

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