24 de outubro de 2010

MISSA DO 30° DOMINGO DO TEMPO COMUM

Um fariseu santo e um publicano pecador. Um fariseu seguidor da Lei e um publicano que reconhece os seus erros. Dois personagens que rezam. Dois personagens que esperam. Um, a recompensa, e o outro, a misericórdia.
Hoje é o dia mundial das missões. Ousamo-nos perguntar: devemos recorrer sempre ao amor misericordioso de Deus ou simplesmente a prática da religião e da fé é garantia da salvação? Como ser testemunho da fé para aqueles que nunca ouviram falar de Jesus? É possível ser missionário para aqueles que já se dizem cristãos, mas que não vivem conforme o evangelho? Que relação existe entre justiça e missão? Alguém da comunidade conhece um missionário? Onde eles vivem? A essas duas últimas perguntas, uns poderão responder: conheço um padre que veio para o Brasil como missionário. Outros ainda dirão: lugar de missão é na África. Missão é um substantivo que vem do latim (mittere) e significa enviar. Daí missus (missão) ser um enviado. Podemos falar de vários tipos de missão. No nosso caso, não estamos falando da missão de paz de um ministro x em um país y. Estamos falando de uma missão religiosa, que tem a ver com o evangelho. Um ser humano é enviado em nome de Deus para levar sua palavra a outros seres humanos que não a conhecem ou, atualizando, que pensam que a conhecem. Num passado longínquo, a Igreja católica enviou missionários além-mar para levar a fé e a salvação anunciada por Jesus. O nosso país é fruto dessa intrépida ação que chegou às terras brasileiras com a cruz e a espada. Com o evangelho a bordo, o que desembarcava mesmo era a cultura cristã europeia. Por outro lado, é difícil desvencilhar uma da outra. Aos nativos restava uma única opção: aceitar ou aceitar a fé e a cultura dos missionários. Quando os nossos indígenas já estavam massacrados, os negros foram trazidos da África para serem domesticados na fé do novo mundo. O princípio missionário, a gasolina que movia os evangelizadores, era a certeza de que a semente do Verbo não estava presente nas culturas dominadas.
Em nossos dias, esse modo de evangelizar não é mais compatível. É consenso que toda cultura tem que ser valorizada. Além disso, evangelização é via de mão dupla. Toda comunidade e pessoas são missionárias, no sentido de anunciar o evangelho, sem mesmo nunca terem saído de suas cidades. Continua o desafio de evangelizar no além-mar, mas de modo diferente. Muitos brasileiros e brasileiras, outrora evangelizados, partem agora como missionários para a África e a Ásia.
Dando continuidade à nossa reflexão, ainda perguntemo-nos pelos valores que as leituras de hoje nos relembram como essenciais na evangelização.
Extraído de: VIDA PASTORAL "revista bimestral para sacerdotes e agentes de pastoral". ano 51. número 274. setembro / outubro 2010. p. 59 . Paulus.

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