Junto com a comemoração dos finados, a igreja celebra no início de novembro a festa de todos os santos. É uma celebração que nos enche de otimismo e de esperança porque nos lembra uma grande verdade: a criatura humana que se deixa guiar por Deus pode fazer coisas extraordinárias. Aliás, todos nós somos chamados à santidade. Cada um por um caminho traçado por Deus. E a igreja, através do papa, continua mostrando ao mundo que os santos ainda existem. No dia 17 de outubro, Bento XVI ofereceu ao mundo os exemplos heroicos de seis novos santos. Mas eu gostaria hoje de apresentar aos leitores uma jovem que foi declarada beata no dia 25 de setembro. Chama-se Chiara Luce Badano. Filha única de um casal que a esperou por onze anos, nasceu no norte da Itália em 1971 e morreu em outubro de 1990. Aos nove anos, junto com os pais, participou de um encontro do Movimento dos Focolares: este fato modificou totalmente a sua vida.Para ser fiel ao ideal que abraçara, ela não se retirou para um convento nem abandonou a família e os numerosos amigos que sua simpatia cativava. Nem começou a passar longas horas na igreja... Pelo contrário, o seu novo estilo de vida reforçou mais ainda a graça que brilhava em todo seu agir. Para ela, santidade era fazer a vontade de Deus. E a vontade de Deus é uma só: Amar! Por isso, dedicava-se com intensidade e desapego tanto aos estudos e aos pequenos trabalhos domésticos como aos esportes, à dança, ao canto e aos encontros de formação com os colegas que a cercavam.
Em suma, uma jovem cheia de vida, de alegria e... de projetos para o futuro, não excluindo o casamento. Contudo, em 1988, quando mal completara 17 anos, durante uma partida de tênis, sentiu uma aguda dor nas costas. Os exames lhe deram a pior de todas as noticias: câncer nos ossos.
Foi um baque que a jogou nas trevas mais espessas. As dúvidas e as interrogações se deram num ritmo crescente: "por que isso acontece justamente comigo, que tanto luto para fazer o bem a todos? Por que Deus, que é amor, permite uma coisa dessas? Mas, se Ele é todo-poderoso, por que não faz um milagre?". Pediu à mãe que a deixasse sozinha, em seu quarto por quinze minutos. Em seguida, abriu a porta e, com o rosto brilhando entre as lágrimas, exclamou: "Por ti, Jesus! Se tu o queres, eu também o quero!".
As dores e provas passaram a se suceder num ritmo crescente. Mas, diante de cada uma delas, repetia o seu "sim" "sempre, logo e com alegria" - como aprendera de sua mestra, Chiara Lubich. Foi tão grande o progresso alcançado nos dois aos de doença, que disse a uma amiga: "Se tivesse de escolher entre caminhar novamente ou ir ao paraíso, eu não teria dúvida: escolheria o paraíso. Nessa altura, somente ele me interessa".
No dia 19 de julho de 1990, ela escrevia a Chiara Lubich: "A medicina não tem mais nada a fazer. Ao interromper o tratamento, as dores na coluna aumentaram muito. Quase não consigo me mexer. Sinto-me tão pequena, e o caminho que devo percorrer, tão duro... Frequentemente tenho a impressão de ser sufocada pela dor. É Jesus, o Esposo, que vem ao meu encontro, não é mesmo? Sim, eu repito com você: ‘Se tu queres, eu também quero!'. Com você e com ele, tenho certeza que conquistaremos o mundo".
De Chiara Lubich, Chiara Badano recebeu o nome de "Luce", pela luz que irradiava o seu ser e contagiava os que dela se aproximavam. Passou os últimos dias de vida preparando o que julgava necessário para o funeral, que denominou "festa de seu casamento": os cânticos, as flores e o vestido branco. As últimas palavras que dirigiu à mãe revelam a maturidade alcançada por uma jovem que acreditou no amor: "Seja feliz, assim como eu sou!".
Os nossos santos e santas são verdadeiros faróis para a humanidade: luzes que brilham e nos abrem à esperança!
Dom Bernadino Marchió
Dom Bernadino Marchió
Bispo Diocesano de Caruaru
FONTE: JORNAL VANGUARDA (CARUARU-PE)
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