25 de fevereiro de 2012

ARTIGO DO BISPO "Quaresma, tempo de fé e de renovação"

O Carnaval acabou, a vida continua! E a vida do cristão é sempre um apelo para a renovação da fé que se manifesta na prática do amor fraterno. Ao longo desta Quaresma somos convidados a refletir em maneira especial sobre saúde pública, como compromisso para ajudar os que mais sofrem.
O Papa Bento XVI nos enviou uma mensagem para nos alertar sobre a essência da vida cristã. Ofereço aos leitores apenas alguns trechos mais significativos.
"Quaresma oferece-nos a oportunidade de refletir mais uma vez sobre o cerne da vida cristã: o amor. Com efeito este é um tempo propício para renovarmos, com a ajuda da Palavra de Deus e dos Sacramentos, o nosso caminho pessoal e comunitário de fé. Trata-se de um percurso marcado pela oração e a partilha, pelo silêncio e o jejum, com a esperança de viver a alegria pascal.''
Desejo, este ano, propor alguns pensamentos inspirados num breve texto bíblico tirado da Carta aos Hebreus: "Prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras.'' (Hb 10,24).
Esta palavra nos convida a fixar o olhar no outro, a começar por Jesus, e a estar atentos uns aos outros, a não se mostrar alheio e indiferente ao destino dos irmãos. Mas, com frequência, prevalece a atitude contrária: a indiferença, o desinteresse, que nascem do egoísmo, mascarado por uma aparência de respeito pela ‘‘esfera privada''. Também hoje ressoa, com vigor, a voz do Senhor que chama cada um de nós a cuidar do outro. Também hoje Deus nos pede para sermos o ‘‘guarda'' dos nossos irmãos (cf. Gn 4, 9), para estabelecermos relações caracterizadas por recíproca solicitude, pela atenção ao bem do outro e a todo o seu bem.
O grande mandamento do amor ao próximo exige e incita a consciência a sentir-se responsável por quem, como eu, é criatura e filho de Deus: o fato de sermos irmãos em humanidade e, em muitos casos, também na fé deve levar-nos a ver no outro um verdadeiro alter ego, infinitamente amado pelo Senhor. Se cultivarmos este olhar de fraternidade, brotarão naturalmente do nosso coração a solidariedade, a justiça, bem como a misericórdia e a compaixão.
O Servo de Deus Paulo VI afirmava que o mundo atual sofre sobretudo de falta de fraternidade: ‘‘O mundo está doente. O seu mal reside mais na crise de fraternidade entre os homens e entre os povos, do que na esterilização ou no monopólio, que alguns fazem, dos recursos do universo.''
A atenção ao outro inclui que se deseje, para ele ou para ela, o bem sob todos os seus aspectos: físico, moral e espiritual. Parece que a cultura contemporânea perdeu o sentido do bem e do mal, sendo necessário reafirmar com vigor que o bem existe e vence, porque Deus é ‘‘bom e faz o bem'' (Sal 119/118, 68). O bem é aquilo que suscita, protege e promove a vida, a fraternidade e a comunhão. Assim a responsabilidade pelo próximo significa querer e favorecer o bem do outro, desejando que também ele se abra à lógica do bem; interessar-se pelo irmão quer dizer abrir os olhos às suas necessidades. A Sagrada Escritura adverte contra o perigo de ter o coração endurecido por uma espécie de ‘‘anestesia espiritual'', que nos torna cegos aos sofrimentos alheios.
E no fim da mensagem, Bento XVI nos alerta sobre o perigo da indiferença religiosa: ‘‘Não devemos ficar calados diante do mal. Penso aqui na atitude daqueles cristãos que preferem, por respeito humano ou mera comodidade, adequar-se à mentalidade comum em vez de alertar os próprios irmãos contra modos de pensar e agir que contradizem a verdade e não seguem o caminho do bem (...). Que todos, à vista de um mundo que exige dos cristãos um renovado testemunho de amor e fidelidade ao Senhor, sintam a urgência de esforçar-se por adiantar no amor, no serviço e nas obras boas."
Dom Bernadino Marchió
Bispo Diocesano de Caruaru-PE
FONTE: JORNAL VANGUARDA (CARUARU-PE)

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