O episódio da expulsão dos vendilhões do templo de Jerusalém no Evangelho segundo João não deveria ser chamado de purificação, mas de substituição. Jesus não pretende corrigir algo de errado que encontrou no Templo, mas substituir esse templo por um lugar de encontro com Deus.
No templo de Jerusalém, em vez de oração e busca de Deus, Jesus encontrou comércio. É a tendência normal das instituições humanas. “Destruam este templo e em três dias eu o levantarei” (...). “Ele falava do Templo que é a sua pessoa”. Ele é o novo lugar de encontro com Deus, o outro templo pode ser destruído. Só depois da ressurreição os discípulos entendem.
Ainda estamos à procura, buscando entender Jesus cada vez melhor. À medida que fazemos isso, enquanto tentamos assimilar que um pobre galileu, pregador popular, condenado pelas autoridades políticas e religiosas à mais humilhante das mortes, é a revelação, o rosto de Deus, estamos indo ao encontro de Deus no seu verdadeiro Templo.
Quando a fé se torna objeto de mercado, de marketing, quando a “pastoral do dízimo” é a mais importante de todas, quando se usam os símbolos religiosos, seja dos santos, seja de Maria, seja até mesmo do Pai, para interesses outros, mais visíveis, mais rentáveis, não estamos construindo aquele Templo que pode ser destruído para ser substituído?
A eucaristia nos ajuda a encontrar Deus em Jesus, que se entrega à mais humilhante das mortes. A morte que exclui da cidadania e da própria religião é a principal revelação de Deus. “Quando tiverdes elevado o Filho do homem, sabereis que ‘Eu Sou’!”
Extraído de: VIDA PASTORAL "Revista Bimestral para Sacerdotes e Agentes de Pastoral". ano 53. número 283. Março / Abril 2012. p 42. Paulus.

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