2 de dezembro de 2013

ARTIGO DO BISPO "Novos horizontes da fé"

Com a celebração da Festa de Cristo Rei do Universo, no domingo passado, dia 24, a Igreja Católica no mundo inteiro se uniu, de maneira especial, ao papa Francisco, no encerramento do Ano da Fé.
O papa emérito Bento XVI foi quem convocou a vivência do Ano da Fé, iniciado em 11 de outubro de 2012, quando se celebrava o cinquentenário da abertura do Concílio Ecumênico Vaticano II. Uma data relevante para a vida e missão da Igreja na sua tarefa de fazer de todos discípulos e discípulas de Jesus.
O grande propósito deste Ano da Fé foi exatamente a oportunidade para um aprofundamento, compreensão e vivência da fé como experiência de encontro pessoal com Jesus, única pessoa que pode dar à vida, de maneira duradoura, um novo horizonte.
E nesta perspectiva a Igreja nos convida agora a nos prepararmos para o Natal, a fim de continuar sempre na busca da novidade que é a presença de Jesus na história da humanidade.
Porque o Natal não é apenas enfeites, vitrines iluminadas, presentes e muitas emoções! O ser humano deve caminhar em busca da verdade que liberta completamente. Neste sentido, fé e razão se completam e oferecem ao espírito humano as duas asas necessárias para contemplar a verdade.
A razão é uma alavanca decisiva no caminho da vida humana, na vivência da história, na construção da sociedade. É convincente e fácil de perceber, analisando a história, que os descompassos da humanidade vieram das irracionalidades. Basta pensar sobre guerras, exclusão social, manipulações e totalitarismos.
Determinante também é o dom da fé. Sua profunda compreensão e sua vivência qualificam a cultura, corrigem os rumos da história e iluminam o caminho da humanidade, proporcionando a experiência de sentido que faz a vida valer a pena, ser construída com dignidades e altruísmos insuperáveis.
O dom da fé é uma experiência que avança para além da razão, na sua notável propriedade de alcançar lucidez para encontrar soluções. A luz da fé permite lidar com questões que estão inevitável e inexoravelmente no horizonte da existência humana: "Quem sou eu? De onde venho e para onde vou? Por que existe o mal? O que existirá depois dessa vida?" Somente a fé permite lidar com o mistério que essas interrogações tocam, proporcionando uma compreensão coerente. Essa consideração convence de que a fé não se reduz a simples sentimento. Também não pode ser compreendida como um caminho que simplesmente traz soluções imediatistas, para desgastes existenciais comuns na contemporaneidade. Menos ainda deve ser buscada como produção de experiências milagreiras, promessa de mesquinhas prosperidades e clamorosas manipulações, advindas do usufruto irracional das fragilidades humanas.
O Ano da Fé se conclui. Mas as verdades da fé continuam fazendo parte das motivações profundas que devem sustentar a caminhada da Igreja.
A atitude de fé é a primeira e a mais fundamental, para sermos associados aos planos de salvação que Deus tem por nós.
Daí a importância de mantermos acesa a chama da fé, para a própria Igreja, e para quem ela leva essa boa nova da salvação em Cristo, o Filho de Deus encarnado, em quem pela fé reconhecemos a presença do próprio Deus que veio nos proporcionar a reconciliação e a salvação.
Dom Bernardino Marchió
Bispo diocesano de Caruaru-PE
FONTE: JORNAL VANGUARDA (CARUARU-PE)

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