A Igreja Católica celebra neste fim de semana uma das festas mais tradicionais em honra de Maria, a Mãe de Jesus: a Imaculada Conceição.
Gostaria nesta festa do dia 8 de dezembro de 2013 contemplar Maria como a Mulher feliz porque acreditou.
É a jovem que se colocou nas mãos de Deus dizendo: "faça-se em mim segundo a tua palavra". E nesta sua fidelidade encontrou a plenitude da alegria.
O papa Francisco enviou aos cristãos do mundo inteiro um Exortação Apostólica que tem como título "A alegria do Evangelho".
Ao falar sobre alegria, é imprescindível compreender que o Evangelho de Jesus Cristo não é um simples conjunto conceitual para aprendizagem, ou simples referência quando necessário. A alegria do Evangelho é duradoura. Enche o coração dos que, no cotidiano, vivenciam a experiência do encontro pessoal com Jesus Cristo. Trata-se de uma alegria que não é como muitas outras, que seduzem, mas são passageiras e não têm força para resgatar o vazio interior, o isolamento e a tristeza. O papa Francisco adverte que o grande risco do mundo contemporâneo, com a oferta múltipla e opressora de consumo, é uma tristeza individualista que brota do coração acomodado e avarento, da busca doentia de prazeres superficiais.
Não é possível encontrar uma alegria verdadeira e duradoura quando a vida interior se fecha nos seus próprios interesses. Isso impede a escuta de Deus e faz morrer o entusiasmo de se fazer o bem. Um risco que, sublinha o papa Francisco, pode atingir também aos que creem e praticam a fé. Um cenário que pode ser constatado quando são encontradas pessoas descontentes, ressentidas, amargas e incapacitadas para cultivar sonhos e projetos, necessários para conduzir a vida na direção da sua estatura própria de dom de Deus. A alegria, necessidade natural do coração humano, expressão de vida vivida com dignidade, vem com o anúncio, conhecimento, experiência e testemunho do Evangelho de Jesus Cristo.
A Igreja, que tem a missão de promover a experiência dessa alegria duradoura, tem que estar em movimento, isto é, sempre a caminho. Cada membro, tornando a iniciativa de sair e ir ao encontro, deve renunciar às comodidades e acolher o desafio da mudança, da renovação, numa atitude permanente da conversão. É preciso ter coragem de mudar, de ousar novas respostas, em todos os campos da sociedade, dinâmicas e projetos. No caminho contrário, corre-se o risco de se tornar um instrumento inócuo no serviço e no anúncio da fonte inesgotável dessa alegria.
Por isso, diz o papa Francisco, a Igreja está desafiada por uma exigência de renovação improrrogável. Para se adequar a esta necessidade, é preciso reconhecer os muitos desafios postos pelo mundo contemporâneo. A consideração das diferentes culturas urbanas, com um conhecimento mais aprofundado de suas dinâmicas, interesses, linguagens e configurações, tem a propriedade do mostrar o caminho novo que fará a renovação da Igreja. O papa Francisco sublinha que na atual cultura dominante, o primeiro lugar está ocupado por aquilo que é exterior, imediato, visível, veloz, superficial e provisório. O real dá lugar à aparência. Constata-se uma deterioração de valores culturais, com a assimilação de tendências eticamente fracas. Esse processo de renovação e trabalhosa tarefa de ajudar o mundo a encontrar no Evangelho a fonte perene de alegria duradoura supõe, sem negociação, a coragem e a perseverança no dizer ‘‘não'' a uma economia da exclusão, ‘‘não'' à nova idolatria do dinheiro, que dá ao mercado a força de governar e não a de servir, gerando perversidades inadmissíveis. ‘‘Não'' a todo tipo de iniquidade que gera violência, ‘‘não'' ao egoísmo mesquinho e ao pessimismo estéril.
É hora de compreender e testemunhar a dimensão social da fé, como força e instrumento do uma nova ‘‘escuta'' prioritária dos pobres, trabalhando para respeitar o povo, de muitos rostos e necessidades.
Convida-nos o papa Francisco a buscar, corajosamente, novas configurações organizacionais, institucionais e pessoais, apoiados na certeza daquilo que, luminosamente, está na alegria do Evangelho.
Dom Bernardino Marchió
Bispo diocesano de Caruaru-PE
FONTE: JORNAL VANGUARDA (CARUARU-PE)
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