Isaías viveu tempos difíceis em que o povo, esgotado pelo peso dos tributos, era enganado pelas lideranças político-religiosas. O profeta tem uma visão acerca de Judá e Jerusalém. A visão fala de tempos futuros que para o bom entendedor, não são projetados para o fim da história ou além dela.
Ao contrário, pretende suscitar, desde já, a virada histórica que surge a partir da tomada de consciência dos empobrecidos que não perderam a esperança nem a disposição em lutar. A visão se refere ao monte da casa do Senhor, ou seja, o monte Sião, sobre qual foi construído o Templo.
Quando isso irá acontecer? Quando um povo consciente e organizado puxar a fila, deixando-se guiar pela luz do Senhor. “Eles transformarão suas espadas em enxadas e suas lanças em foices. Povo algum levantará a espada contra outro povo, nem mesmo farão exercícios de guerra”. Justiça, paz, desarmamento, bem-estar para todos: isso é o que o profeta intui a partir do reconhecimento do único verdadeiro Deus que caminha no meio do seu povo. Qual será o resultado disso? A transformação de toda a sociedade: não mais a torre de Babel, símbolo da desagregação social, e sim a criação do mundo novo, sem fronteiras, porque a norma última será a justiça que vem de Deus e transforma as relações entre as pessoas e os povos. A carta de São Paulo inicia com uma afirmação: “Vocês sabem em que tempo estamos vivendo: já é hora de acordar, pois nossa salvação está mais perto do que quando abraçamos a fé”. Paulo fala de um futuro próximo, que não e necessariamente a data do fim dos tempos. Ao contrário, fala de um futuro enquanto oportunidade oferecida a todos os que sonham e lutam com aquele tipo de sociedade pela qual Jesus deu a vida.
O primeiro domingo do Advento propõe o tema da vigilância. Vigiar é solidarizar-se com Jesus, assumindo a causa dos que são continuamente condenados às mais variadas formas de morte em nossa sociedade. Se Isaías sugere que as comunidades cristãs puxem a fila em direção à justiça que gera a paz e o bem-estar de todos, Paulo pede que as mesmas comunidades apresentem símbolos de seu compromisso com o projeto de Deus. Este não se realiza de modo mágico ou extraordinário, mas sim mediante a ação solidária dos que transformam o momento presente em tempo de graça, salvação e vida para todos.
FOLHETO O DIA DO SENHOR
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