
Olhando a realidade que o rodeava, o salmista pôs-se a pensar: ‘‘Quando contemplo os céus, obra das vossas mãos, a lua e as estrelas que Vós criastes: que é o homem para Vos lembrardes dele, o filho do homem para com ele Vos preocupardes?'' (Sal 8, 4-5). Esta é a pergunta fundamental que nos devemos colocar: Quem é o homem? O homem é um ser que traz no coração uma sede de infinito, uma sede de verdade - não uma verdade parcial, mas capaz de explicar o sentido da vida, porque foi criado à imagem e semelhança de Deus.
Assim, o fato de reconhecer com gratidão a vida como dom inestimável leva a descobrir a dignidade profunda e a inviolabilidade própria de cada pessoa. Por isso, a primeira educação consiste em aprender a reconhecer no homem a imagem do Criador e, consequentemente, a ter um profundo respeito por cada ser humano e ajudar os outros a realizarem uma vida conforme a esta sublime dignidade. É preciso não esquecer jamais que o autêntico desenvolvimento do homem diz respeito unitariamente à totalidade da pessoa em todas as suas dimensões incluindo a transcendente, e que não se pode sacrificar a pessoa para alcançar um bem particular, seja ele econômico ou social, individual ou coletivo.
Só na relação com Deus é que o homem compreende o significado da sua liberdade, sendo tarefa da educação formar para a liberdade autêntica. A liberdade é um valor precioso, mas delicado: pode ser mal entendida e usada mal. Hoje um obstáculo particularmente insidioso à ação educativa é constituído pela presença maciça, na nossa sociedade e cultura, daquele relativismo que, nada reconhecendo como definitivo, deixa como última medida somente o próprio eu com os seus desejos e, sob a aparência da liberdade, torna-se para cada pessoa uma prisão, porque separa uns dos outros, reduzindo cada um a permanecer fechado dentro do próprio "eu".
Por conseguinte, o homem, para exercer a sua liberdade, deve superar o horizonte relativista e conhecer a verdade sobre si próprio e a verdade acerca do que é bem e do que é mal. Assim o correto uso da liberdade é um ponto central na promoção da Justiça e da paz, que exigem a cada um o respeito por si próprio e pelo outro, mesmo possuindo um modo de ser e viver distante do meu. Desta atitude derivam os elementos sem os quais paz e justiça permanecem palavras desprovidas de conteúdo: a confiança recíproca, a capacidade de encetar um diálogo construtivo, a possibilidade do perdão, que muitas vezes se quereria obter mas sente-se dificuldade em conceder a caridade mútua, a compaixão para com os mais frágeis e também a prontidão ao sacrifício.
Dom Bernadino Marchió
Bispo Diocesano de Caruaru - PE
FONTE: JORNAL VANGUARDA (CARUARU-PE)
Bispo Diocesano de Caruaru - PE
FONTE: JORNAL VANGUARDA (CARUARU-PE)
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