
A espinha dorsal da liturgia da Palavra nos domingos do tempo comum é a leitura contínua do Evangelho do ano (no caso, Marcos), e os textos evangélicos são ilustrados, na 1ª leitura, por episódios do Antigo Testamento. A 2ª leitura não se integra nesse sistema e recebe sua temática, de modo independente, da leitura semicontínua das cartas do Novo Testamento (hoje, a questão da fornicação em Corinto).
A leitura evangélica está em continuidade com a do Batismo do Senhor. Narra a vocação dos primeiros discípulos de Jesus. Ora, como o Evangelho do ano, Marcos, é mais breve que os outros, a liturgia de hoje abre espaço para o Evangelho de João (normalmente lido só na Quaresma e no tempo pascal). De acordo com o Quarto Evangelho, João Batista encaminha dois de seus discípulos para Jesus, apontando-o como o Cordeiro de Deus. E, quando vão em busca de Jesus, este lhes responde com o misterioso: “Vinde e vede”. A liturgia combina com esse texto a vocação de Samuel, na 1ª leitura.
As duas vocações, porém, são diferentes. No caso de Samuel, trata-se da vocação específica do profeta; no episódio dos discípulos de Jesus, trata-se da vocação de discípulos para integrar a comunidade dos seguidores. São chamados, antes de tudo, a “vir” até Jesus para “ver” e a “permanecer/morar” com ele. Daí se inicia um processo de “vocação em cadeia”. Os que foram encaminhados pelo Batista até Jesus chamam outros (“André... foi encontrar seu irmão...”). Dentro dessa dinâmica global da vocação cristã se situam as vocações específicas, como a de Simão, que, ao aderir a Cristo, é transformado em pedra de arrimo da comunidade cristã.
Extraído de: VIDA PASTORAL "Revista Bimestral para Sacerdotes e Agentes de Pastoral". ano 53. número 282. Janeiro / Fevereiro 2012. p 46 / 47. Paulus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário