A Campanha da Fraternidade 2012 sobre saúde está levantando muitos questionamentos sobre o SUS. Não é porque não seja bom, mas porque não é aplicado. Na semana passada tive uma reunião em Gravatá sobre este assunto com a participação da Secretaria de saúde, o Conselho Municipal da Saúde e a Pastoral da Saúde daquela cidade. Foi uma troca de experiência muito interessante chegando à conclusão de que todos devemos entrar nesta luta e assim oferecer melhores condições de vida para o nosso povo.
Vale apena, no entanto, conhecer a partir do texto da Campanha da Fraternidade quais são os problemas que preocupam a saúde e que estão na raiz da maior parte das mortes que ocorrem no Brasil.
Em primeiro lugar estão as doenças crônicas não transmissíveis, como as doenças cardiovasculares, hipertensão, diabetes e cânceres. Elas são responsáveis por 58% das mortes que ocorrem no mundo e consomem 75% dos gastos do governo brasileiro na área da saúde. Em 2007, 29,4% dos óbitos declarados no Brasil tiveram como causa doenças cardiovasculares e 17% ocorreram por algum tipo de câncer.
Em segundo lugar se encontram as doenças transmissíveis. Em cada grupo de 100 mil habitantes existem, em média, 20 pessoas com AIDS. A tuberculose continua sendo a terceira causa de óbitos por doenças infecciosas e a primeira entre pacientes com AIDS. O vírus da influenza (gripe A) acomete cerca de 400 mil pessoas a cada ano no Brasil e mata 3 mil.
O terceiro tema que ocupa a agenda da saúde refere-se aos fatores de risco modificáveis. Segundo a OMS, o tabagismo está na origem da morte de 200 mil pessoas por ano no Brasil. A prática regular de exercícios físicos está longe de fazer parte da rotina dos brasileiros e o crescimento no número de pessoas obesas ou com sobrepeso por má alimentação constitui um desafio mundial a ser enfrentado.
A dependência química é outro tema relevante na agenda da saúde. A porta de entrada para o mundo da droga é o álcool, sendo que preocupa o fato de 18% da população adulta do Brasil consumir álcool em excesso. Na sequência vem a maconha, cocaína, haxixe, crack, oxi e outras. A droga mais devastadora, no mundo, é o oxi, sendo que "pesquisas do Ministério da Saúde apontam que cerca de um terço dos usuários morrem no primeiro ano de uso"
O quinto tema preocupante refere-se a acidentes de trânsito, homicídios e suicídios. No Brasil, eles já ocupam o terceiro lugar em relação aos óbitos, só perdendo para as doenças cardiovasculares e os cânceres. Elas sinalizam para um estado de guerra, com mais mortes do que muitos dos países onde há guerra declarada.
Como cristãos que somos não podemos ficar omissos frente a estas cinco grandes preocupações da saúde pública no Brasil. Precisamos ir a campo e fazer alguma coisa para combater as várias causas que abreviam a vida do povo ou que diminuam a qualidade de vida das pessoas. Todos somos chamados a, "guiados pelo Espírito do Senhor, fazer-nos solidários às dores e enfermidades do povo, para que a saúde se difunda sobre a terra".
Dom Bernadino Marchió
Bispo Diocesano de Caruaru-PE
FONTE: JORNAL VANGUARDA (CARUARU - PE)
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