Neste quarto domingo da Quaresma, somos conduzidos pelo Espírito Santo para o encontro com Jesus, como aconteceu com Nicodemos.
Lá no deserto, a serpente foi um sinal de libertação para o povo. Para a comunidade cristã, este sinal é Jesus, crucificado e glorificado. Banhados pela misericórdia infinita de Deus, cheios de fervor e exultando de fé, celebramos a entrega de Jesus, luz que arranca as trevas da idolatria, da infidelidade e do medo.
Damos mais um passo em nossa caminhada quaresmal na direção da vida nova, do novo nascimento do batismo, que é também iluminação.
Olhamos para a cruz que clareia a nossa vida e nos revela o amor do Pai. Esse amor nos salva de graça, inteiramente de graça, porque não somos capazes de fazer algo que mereça a morte de Jesus. Não é fácil entender esse amor, pois nosso pensamento, nossa prática, nosso modo de sentir são outros, bem outros. Nossa cabeça é feita mais pelo mundo em que vivemos.
Há pessoas que, quando ouvem alguma referência negativa ao mundo, discordam, dizendo: “Não! O mundo é bom, o povo é que é ruim!” Quanta coisa se pode entender pela palavra mundo! É a natureza, essa bela moradia que Deus nos deu e nós teimamos em destruir. É a humanidade inteira, mesmo perdida e desorientada. São as estruturas perversas que nos governam. É a corrupção de toda ordem, a busca desenfreada de poder, de prestígio e do prazer ou da satisfação momentânea. A alguns desses mundos, não a todos, Jesus veio salvar; a outros ele condena ou eles próprios se condenam. Corremos o risco de, às vezes, confundir as coisas.
Deus amou o mundo, entregou seu Filho pelo mundo, o Crucificado é a luz que veio ao mundo, mas o mundo dos homens preferiu as trevas à luz. A eucaristia celebra a salvação, a partilha de si que faz a fraternidade verdadeira. Comer deste pão exige deixar-se também partir em pedaços para que a salvação chegue a todos, para que o mundo se convença de que a cruz é o caminho,enquanto a chegada, a vontade de Deus “assim na terra como no céu”, é a mesa comum.
Extraído de: VIDA PASTORAL "Revista Bimestral para Sacerdotes e Agentes de Pastoral". ano 53. número 283. Março / Abril 2012. p 36, 44 - 46 . Paulus.

Nenhum comentário:
Postar um comentário