24 de março de 2012

MISSA DO 5º DOMINGO DA QUARESMA


Estamos nos aproximando da Páscoa, a celebração da morte-ressurreição do Senhor.
Qual o significado da morte de Jesus, a morte que traz a vida? Não é, sem dúvida, o da busca ou aceitação do sofrimento pelo sofrimento, numa atitude masoquista ou conformista (“Jesus sofreu, a gente também tem de sofrer”). Essa ideia, muito propícia aos dominadores, foi no passado imposta aos dominados, que interessava ficassem calados.
O que dá sentido à morte é a ressurreição, é a vida, a salvação. Embora uma expressão do texto de Hebreus a ser lido hoje possa dar a entender uma salvação apenas futura, para “a eternidade”, a salvação começa aqui e deve ser duradoura, eterna nesse sentido. Não podemos nos cansar de repetir a palavra de Jesus: “Eu vim para que todos tenham vida e vida em plenitude”. Vida na eternidade não pode ser consolo para falta de vida plena, vida para todos e cada vez melhor aqui.
Como tornar possível uma vida mais feliz para todos assim na terra como no céu? O comunismo ou o socialismo real pretendeu impor a igualdade. O povo, sem liberdade, acabou explorado pela burocracia governamental. Foi desfeito com a maior facilidade. O capitalismo diz que é a cobiça e a competição que vão criar um mundo feliz para todos.
Estamos vendo, o contrário é que acontece. As desigualdades só aumentam, a competição pelo dinheiro vira uma guerra desenfreada e a violência domina o mundo. Haverá outro caminho? As leituras bíblicas de hoje vêm apontar esse caminho alternativo e não esperado. O caminho é a cruz, o assumir o último lugar e sacrificar-se totalmente pelos outros. Só isso pode salvar a humanidade.
Jeremias fala de uma nova aliança, uma nova Lei escrita não na pedra, mas no interior de cada pessoa. As palavras da instituição da eucaristia em Paulo e nos sinóticos já leem a morte de Cristo como inauguração dessa nova aliança. No curto texto de Hebreus a ser lido hoje, aprendendo com o sofrimento o que é obedecer, Jesus se torna fonte de salvação para todos. E, no evangelho, ele se compara ao grão de trigo que, para não ficar sozinho, tem de morrer a fim de produzir muitos frutos. A cruz domina o horizonte do evangelho como glória e caminho de vida farta e salvação.
Extraído de: VIDA PASTORAL "Revista Bimestral para Sacerdotes e Agentes de Pastoral". ano 53. número 283. Março / Abril 2012. p 47 . Paulus.

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